Dado o amplo interesse gerado, a equipa SpeechCare sumarizou alguns dos pontos fundamentais da apresentação de Dra. Luísa Teles durante a III Conferência "Saúde e Desenvolvimento da Criança na Escola", que decorreu online, no dia 25 de Maio, e contou com centenas de participantes de Portugal, PALOP e Brasil, das áreas de educação e saúde.
A Dra. Luísa Teles, Pediatra de Desenvolvimento do Centro de Neurodesenvolvimento e Comportamento da Criança e do Adolescente (CN&CCA) do Hospital da Luz, começou por explicar que o neurodesenvolvimento infantil é um processo complexo e dinâmico, que diz respeito a múltiplas interacções com o meio circundante e que dá sentido à vida. Especificou que as perturbações do desenvolvimento manifestam-se em idade pediátrica e apresentam consequências variáveis e dinâmicas, de causa multifactorial.
Estas perturbações - que afectam mais de 20% das crianças - vão desde a Perturbação do Desenvolvimento Intelectual (onde se enquadra o Atraso Global de Desenvolvimento, composto por duas ou mais áreas de atraso), Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção, Perturbação Específica da Aprendizagem, Perturbação da Comunicação, Perturbação da Coordenação Motora ou Perturbação do Espectro do Autismo. A Dra. Luísa Teles referiu que a detecção precoce destas perturbações é fundamental para auxiliar estas crianças.
Com a chegada do Covid19, afirmou, as rotinas das crianças alteraram-se bruscamente, assim como o seu contexto. Passaram a viver sem amigos, sem os caminhos percorridos diariamente, entre outras mudanças. Esperaram-se alterações graves de comportamento ou regressões na aprendizagem. Face a este cenário, a Dra. Luísa partilhou testemunhos muito positivos de crianças e adolescentes que acompanha, desde o Daniel com, 5 anos e perturbação da linguagem, ao Fábio, de 14 anos, com dificuldades de aprendizagem de causa multifactorial ou Teresa, de 8, que tem uma dificuldade específica da linguagem. Também os pais deram um feedback positivo.
Segundo a Dra. Luísa, este período mostrou, de forma ainda mais flagrante, como temos todos de continuar a aprender sobre questões de neurodesenvolvimento e a encarar de forma criativa as dificuldades. Afinal, salienta, há um conjunto de inovações que vieram para ficar: como as sessões online. Com este malfadado vírus permitiu-se o alargamento da intervenção aos pais, que se tornaram co-terapeutas e que devem tentar continuar a desenvolver esse papel no pós-pandemia. Temos todos – pais, professores e educadores - de continuar a querer saber mais e a pôr em prática estratégias baseadas na evidência científica.
A Dra. Luísa encerrou a sua intervenção dizendo que é necessário dar às crianças tempo para se crescer com tempo, dar-lhes recreio e muita brincadeira não estruturada, que, afirma, reforça auto-controlo, conhecimento das emoções e desenvolvimento da linguagem.
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