Hoje, dia 12 de Dezembro, comemora-se o Dia Mundial da Deglutição, dedicado à sensibilização da população em geral e dos profissionais de saúde, para a importância e prevalência das alterações de deglutição, que estão muito além das “dificuldades em engolir”.
A Deglutição é uma função complexa, que envolve 30 pares de músculos e 6 pares de nervos cranianos, semi-automática, e que exige controlo do córtex cerebral e tronco encefálico, que nos acompanha ao longo da vida, desde o momento que nascemos, e que permite um equilíbrio entre a segurança e a eficácia no transporte de alimentos (sólidos e líquidos), da boca até ao estômago.
A Disfagia
Quando existe alguma alteração ao longo deste percurso, designa-se por Disfagia.
Estudos recentes demonstram que, durante a Deglutição, há ativação de áreas motoras e somatossensoriais corticais bilaterais, o que tem extrema importância no processo de Neuroplasticidade, quando falamos em reabilitação funcional.
A Disfagia é então um sintoma, provocado por outra doença que pode ter origem neurológica, mecânica, psicológica, cirúrgica, medicamentosa, entre outras.
Sinais de Alerta na Disfagia:
- Voz alterada/rouca após alimentação;
- Sensação de alimento preso na garganta;
- Engasgamento frequente ou falta de ar durante ou após a alimentação;
- Tosse frequente durante/após as refeições;
- Aumento do tempo de refeição que não era habitual;
- Perda de peso acentuado num curto período de tempo;
- Rejeição de alimentos que eram habituais;
- Infeções respiratórias recorrentes
A Disfagia quando não diagnosticada pode levar à Desnutrição, Desidratação e Aspiração, com aumento do risco de Internamento/Hospitalizações e consequentemente aumento de Morbilidade e Mortalidade.
A prevalência na população adulta é subestimada. De acordo com a American Speech-Language-Hearing Association, estima-se que 30 a 40% da população com mais de 65% apresente disfagia; em 2012, cerca de 30 milhões de cidadãos europeus com mais de 70 anos apresentavam disfagia; e nos Estados Unidos da América, 1 em cada 25 adultos.
No entanto, existe uma alta prevalência (acima dos 50%) de Disfagia orofaríngea em doentes pós-AVC, doentes de Parkinson, Alzheimer, Doenças degenerativas, Tumores de Cabeça e pescoço, pós ventilação, prematuridade, Perturbação do Neurodesenvolvimento, entre outras.
A Presbifagia manifesta-se por alterações na deglutição relacionadas com o envelhecimento fisiológico neste mecanismo pressórico que leva a uma maior lentificação de toda a musculatura facial, intra-oral, laríngea, ausência de dentes ou próteses mal adaptadas, diminuição da perceção do paladar, dificuldade na coordenação muscular/respiratória, aumentando o risco de alterações.
Existem exames instrumentais, como o Fiberoptic Endoscopic Evaluation of Swallowing (FEES) e Videofluoroscopia da Deglutição, que podem ser fundamentais para um diagnóstico diferenciado.
O papel do Terapeuta da Fala
O Terapeuta da Fala faz uma avaliação não funcional e funcional de todas as estruturas envolvidas na deglutição, que juntamente com equipas Multidisciplinares (Médicos, Enfermeiros, Nutricionistas, Fisioterapeutas, entre outros) avaliam, diagnosticam e reabilitam as alterações de Deglutição.
O Terapeuta da Fala auxilia ainda na tomada de decisão da possibilidade de uma via oral de alimentação ou alternativa (SNG, PEG) e estabelece um plano de intervenção visando:
- Adaptação de consistências, volume, temperaturas, sabores;
- Adaptação posturas e manobras facilitadoras à deglutição;
- Exercícios necessários para a musculatura ineficiente;
- Garantir uma deglutição segura e eficaz, permitindo melhorar ou compensar o deficit, minimizando o impacto negativo na qualidade de vida.
Tânia Constantino, Terapeuta da Fala da SpeechCare
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