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Foto do escritorGonçalo Carvalheda

O Impacto da alimentação no desenvolvimento da criança


A alimentação, vital para o bom funcionamento do organismo, é um processo complexo, cujos benefícios vão muito além da função nutricional. No caso das crianças, é de extrema relevância para o correcto crescimento das estruturas orofaciais.


O controlo motor utilizado no momento de alimentação está directamente relacionado com o controlo motor utilizado para a produção da fala. Desta forma, o processo de mastigação revela-se fundamental para o sistema estomatognático, proporcionando um estímulo ortopédico inicial para o crescimento harmonioso da face(esquelético e muscular).


Uma alimentação/mastigação saudável é a base para evitar alterações indesejadas, de perfil respiratório, esqueléticas, de oclusão, dentárias e articulatórias.


É, igualmente, importante salientar a importância da introdução de alimentos com diferentes consistências, texturas, temperaturas e sabores. Uma dieta variada previne alterações sensoriais e a possível rejeição de alimentos importantes, tanto a nível nutricional, como do correto desenvolvimento das estruturas orais e faciais da criança.


Agora que já sabemos como a alimentação tem um impacto tão forte nas estruturas orofaciais e, consequentemente, na produção da fala, avançamos com estratégias para que as refeições se tornem em momentos de convívio saudáveis, devidamente inseridos nas rotinas familiares:


· No momento de refeição, é importante que as crianças estejam sentadas e confortáveis em relação à mesa;


· Devem minimizar-se as distrações durante as refeições, para que a criança não perca o interesse facilmente(televisão, telemóvel e música);


· Relativamente à mesa, o fundo deverá conter uma toalha ou individual apenas de um padrão/cor, de forma a não oferecer demasiada informação visual à criança;


· No caso dos bebés, quando se faz a transição de alimentos, os pratos com divisórias são uma boa opção porque permitem explorar cada compartimento (alimento) sem a mistura de sabores e texturas;


· Em relação ao copo, este deverá ser o mais funcional para a criança (com/sem palha, com/sem bocal);


· A escolha da colher é uma tarefa importante - esta deverá ser rija (metal ou silicone), não muito funda e correspondente ao tamanho da cavidade oral (boca) do bebé/criança;


· Os alimentos/utensílios usados no plano visual da criança deverão ser ricos em cor, - esta opção torna a alimentação mais divertida e apelativa;


· Incentive a criança a experimentar alimentos de diferentes consistências, texturas, temperaturas e sabores, para que, desde cedo, aceitem diferentes tipologias de alimentos;


· Devem oferecer-se alimentos para roer (cenoura crua, maçã e outras frutas de consistência dura) e, também, alimentos com grumos (sopa mal passada, purés heterogéneos), para que a criança não desenvolva alterações sensoriais e aceite todo o tipo de texturas na sua alimentação;


· Os pais podem integrar a criança na preparação das refeições, permitindo-lhe tocar e mexer nos alimentos (formas, texturas, cores distintas), o que irá suscitar curiosidade de provar e descobrir novos sabores (fazer bolos, fazer desenhos/moldar massa de farinha, incluir nas tarefas de cozinha);


· Os alimentos podem formar figuras ou desenhos no prato, tornando a alimentação um momento prazeroso e não de evitamento;


· Durante a refeição, permitir que seja a criança a escolher o que deseja comer em primeiro lugar.


Ao seguir estas estratégias, estará a contribuir para refeições conviviais em família, para uma criança com gostos versáteis e para uma boa produção motora da fala.


Cláudia Pinto - Terapeuta da Fala da SpeechCare

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