A moderadora, a Terapeuta da Fala e Coordenadora da SpeechCare na Região Norte, Ana Andrade, lançou a discussão, abordando o regresso aos infantários e às escolas: “De que forma se devem preparar as crianças, famílias, educadores e professores? Essa preparação é mesmo necessária?”.
A psicóloga da Clínica Navegantes e do Colégio da Fonte, Andreia Martins, salienta que é importante ajudar crianças e pais no regresso à escola, porque encontrarão um local um pouco diferente. Salienta que – tendo em conta todos os cuidados que, naturalmente, teremos de ter – torna-se necessário descomplicar este processo. As coisas vão ter que ir tomando a tal “normalidade anormal”. Vamos ter de ser criativos e de reinventar a educação. No caso das crianças, é aconselhável, na medida do possível, sensibilizá-los para esse regresso de uma forma divertida, como se de um desafio se tratasse.
Ana Andrade fala da ideia de partilha, que antes era incentivada e que, agora, deixará, pelo menos temporariamente, de o ser. Como salientar a importância de partilhar, desensinar e voltar a incentivar?
Andreia Martins reforça a necessidade de se ser criativo: os brinquedos podem não se partilhar por uns tempos, mas as brincadeiras sim. Também dissemos aos miúdos que não podam ter tablets nem telemóveis e, agora, eles já fazem parte do dia-a-dia em muitas áreas.
Tiago Proença dos Santos, Coordenador da Clínica Navegantes e Neuropediatra do Hospital de Santa Maria, sossega educadores e professores: é, de facto, impossível impedir a partilha de objectos e não tem de se correr a desinfectar tudo. Essa transgressão fará parte das rotinas, dever-se-á, sim, procurar que seja evitada, dentro do possível, mas sem entrar em radicalismos. Mais uma vez, temos de nos adaptar e tentar, ao máximo, ir lavando as mãos e manter uso de máscara. A principal triagem que tem de ser feita é que, ao mínimo sintoma (tosse, alguma febre), contrariamente ao que sucedia antes, dever-se-á calmamente avisar os pais de que não podem frequentar a creche. Há crianças que não vão manter a máscara, há crianças que se agarrarão a nós. Não deve haver lugar a qualquer pânico. No que diz respeito à prevenção de casos assintomáticos ou a situações inevitáveis de maior contacto, o truque está na lavagem das mãos e desinfecção de objectos.
Tiago reforça que nem todos os isolamentos são iguais. Há situações socioeconómicas e familiares mais difíceis (como, por exemplo, quando alguém perdeu emprego) e isso afecta o contexto de confinamento de algumas crianças e, necessariamente, este seu regresso.
Andreia Martins concorda e afirma que, nesse sentido, é importante para educadores e profissionais de educação informarem-se sobre como decorreu o confinamento das crianças (Tiveram acesso a materiais de educação? Tiveram espaço e apoio no seu contexto familiar?) e auxiliarem da forma o mais individualizada possível.
Todos nós corremos riscos no dia-a-dia, mas não passamos o tempo todo a pensar neles. Se os pais sentirem que os profissionais estão informados e tranquilos e que as suas crianças regressam felizes para casa, acho que, daqui a um mês, teremos esta situação controlada dentro do possível, conclui Tiago Proença dos Santos.
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