Durante o período de confinamento, os terapeutas da fala da Speechcare ajustaram-se às novas rotinas e procuraram, dentro dos constrangimentos de cada lar, prosseguir o seu trabalho online, enquanto integravam as famílias na terapia.
Com o regresso à escola, as educadoras de infância reencontram as crianças e, naturalmente, deparam-se com anseios e questões de pais e outros familiares.
No dia 25 de Maio, durante a III Conferência "Saúde e Desenvolvimento da Criança na Escola", realizada online, a terapeuta da fala Joana Cordeiro apresentou as estratégias delineadas pela equipa da SpeechCare para potenciar o desenvolvimento da linguagem e da fala em crianças em idade pré-escolar, que constituem uma importante ajuda no regresso às rotinas dos infantários.
Joana Cordeiro abordou três conceitos fortemente interligados:
Comunicação - A comunicação pode estabelecer-se de muitas maneiras: através do olhar, pela escrita, pela linguagem gestual, entre outras. Segundo a Joana, existe comunicação a partir do momento em que há transmissão e recepção de uma mensagem.
Linguagem: Dentro da comunicação situa-se a linguagem. Esta é a dimensão onde é necessário garantir que a criança é capaz de compreender aquilo que lhe é dito e, por outro lado, de se expressar.
Fala: Por último, encontra-se a fala. É através da fala que se vai perceber como a criança produz os sons, se faz ou não trocas, entre outros.
Devem ter-se sempre em conta estes três conceitos na avaliação do desenvolvimento da linguagem e da fala nas crianças, afirmou a terapeuta. As dificuldades podem existir num ou em vários.
Segundo Joana Cordeiro, até ao pré-escolar as crianças passam por um processo de aquisição de linguagem que está destinado geneticamente: é adquirida mediante a mera exposição à mesma. No entanto, quando se dá a entrada num primeiro ano, é pedido que que a criança comece a pensar no próprio conceito de linguagem, aquilo que se chama de metalinguagem. A Joana abordou, também, conceitos como “a consciência fonológica” e como esta impacta uma melhor aquisição de competências linguísticas.
Seguidamente, a terapeuta da fala Joana Cordeiro abordou algumas estratégias que, num contexto familiar, permitem aos pais estimular a aquisição de competências linguísticas na criança e prepará-las para o desafio de entrada num primeiro ano de escolaridade. Algumas dessas estratégias são sumarizadas abaixo:
Ensinar a criança a seguir instruções (por exemplo, de uma receita com recurso a imagens), o que a ajudará a perceber conceitos como o de organização;
Aprender músicas e rimas - ajudará a criança a trabalhar a sua consciência fonológica e a brincar com as palavras enquanto aprende que elas são compostas por sílabas (e até por por outras palavras) e que se caracterizam por determinadas sonoridades;
Expandir o vocabulário através da descrição de objectos (por exemplo, com recurso a brinquedos ou materiais, como plasticina);
Contar histórias, o que permitirá trabalhar a imaginação (pode ajudar-se, indicando personagens, locais ou acções) – este trabalho deve ser precedido de uma exposição a livros e à narração de histórias;
Descrever emoções - este é um desafio para os mais pequenos, que podem, por exemplo, ser ajudados através de fotografias de familiares;
Capacidade de argumentar, que pode ser estimulada através de questões como “então por que razão devemos deixar-te ver televisão?”, para que, gradualmente, a criança comece a saber expor a sua vontade sem ser através do choro ou birra.
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